terça-feira, 30 de novembro de 2010

A tristeza de ver o Barcelona jogar

Como é triste ver o Barcelona jogar. O Camp Nou lotado em dia de clássico contra seu maior rival, o gramado impecável em que a bola rola e não quica, e o alambrado próximo ao campo porque a educação permite.

O miolo de zaga não dá chutão e nem joga bonito. Os laterais ocupam toda a marginal do campo, quando não o campo inteiro. O meio ensina a natureza a ser mais harmoniosa. Xavi e Iniesta desenham as jogadas e a bola faz questão de passar pelos seus pés. Na frente Villa e Pedro disparam nas diagonais sempre que podem e desperdiçam chances quase que nunca.

Fonte: Reuters
Messi é um capítulo à parte. Corre mais que todos e se intimida com ninguém, ataca de todos os lugares do campo e de todos os jeitos. Dribla, cruza, assiste, passa, apanha, levanta, chuta e brinca de jogar. Dos vídeos que vi é o novo Diego, dos jogadores que vi é o novo Pelé.

O poderoso Real Madrid entrou na ciranda e só conseguiu sair 5 gols e 90 minutos mais tarde. O time merengue brigou muito e não jogou nada. Porém, não os culpo por deixar o campo com a alegria arrancada. O Barcelona é triste de ver jogar.


Rodolfo Castro

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Verdão é o Goiás

Lembro-me mais novo quando realmente comecei a acompanhar futebol que a equipe alviverde era uma máquina de jogar bola, sagrou-se com méritos bi-campeã Brasileira (93-94). Em seguida veio o time campeão da Mercosul (98) e Libertadores (99). Depois disso... bom, passados 11 anos da última conquista de expressão, a pergunta que me vem a cabeça é: O que aconteceu com o Palmeiras, deixou de ser time grande?

Prefiro acreditar que não, mas o que se viu ontem (24) no Pacaembu dá margens para dúvida. A derrota em si, entretanto, não me preocupa. Foi um jogo de dois times de técnica limitada. O Goiás soube explorar seu jogo aéreo aproveitando da péssima marcação dos laterais do Palmeiras, fez seus dois gols com bolas alçadas na área e saiu com a vitória. A análise técnica do jogo foi simples assim.

O que é preocupante é como um time com um resultado favorável no 1º jogo da semi-final, que amarga um significativo jejum de títulos importantes e diante de um estádio lotado, joga 90 minutos de um futebol completamente apático, sem garra e sem vontade nenhuma de vencer! Foi assim ontem, foi assim na reta final do Brasileiro ano passado e tem sido assim nos últimos 10 anos – retirei dos 11 anos de jejum, o ano referente ao título de pura garra da Série B.

O que aconteceu com o Palmeiras? Estará fadado aos títulos estaduais ou torneios de menor importância?

Novamente prefiro acreditar que não. Quero, como amante do futebol, a volta do alviverde imponente no gramado em que a luta o aguarda! Mas até que as coisas não se ajeitem na SEP, o Verdão é o Goiás.


Rodolfo Castro

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Arbitragem brasileira: porque esses %$#@ são tão ruins?

Nessas últimas rodadas do nacional têm se discutido muito sobre a arbitragem, como ela pode influenciar o resultado de uma partida e até de um campeonato. A ideia desse artigo não é elaborar um dossiê de erros ou uma teoria da conspiração para explicar um título, mas debater os porquês da arbitragem brasileira ser tão ruim.

Segundo dados do Instituto de Estatísticas de Mesas de Bar (IEMB), 56% das palavras proferidas em estádios de futebol na capital paulista são xingamentos. No interior, devido ao maior consumo de álcool e excesso de ruindade dos atletas, esse número chega a 78%.  O IEMB aponta que do total desses xingamentos mais da metade é destinada aos juízes e seus familiares, e se for considerado o trio de arbitragem e seus familiares, o valor salta pra 83%.

O destino dos palavrões tem sentido: a arbitragem brasileira de todos os campeonatos internacionais que acompanho é de longe a pior. Segue meus pensamentos a respeito do tema:

1. O futebol brasileiro é o mais faltoso do mundo e o menos violento. Por mais contraditória que pareça a afirmação, nossos juízes foram acostumados a apitar qualquer encontrão, fingimento, queda, esbarrão, assopro, e outras mais que não se enquadram na categoria falta!

2. O critério adotado depende exclusivamente da região do campo. Laterais do campo próximas a grande área são um excelente lugar para o time favorito sofrer faltas, pois possibilita perigosos cruzamentos. Próximo a meia lua a história é outra, o zagueiro tem que descer a botina ou o volante chegar atrasado dando carrinho por trás. Quando se trata de dentro da grande área a antes confusão vira um completo caos.

3. As partidas são conduzidas, não arbitradas. Juízes brasileiros são os que mais marcam “perigo de gol” e acreditam que amarrar o jogo com faltas inexistentes (tópico 1) é uma excelente estratégia para conduzir uma partida. Sem levar em conta a chatice que fica o jogo, com mais bolas alçadas na área do que tabelas no meio campo, com mais jogadores cai-cai do que brigadores.

4. Bandeiras são outro grande impedimento. A culpa não é toda dos juízes, seus auxiliares têm uma enorme capacidade de atrapalhar a partida. É incalculável a quantidade de erros de bandeirinhas em lances claros, em difíceis acredito que façam as marcações aleatoriamente.

Considerações finais:

Poderia escrever tópicos e horas a respeito do tema, mas esses 4 pontos são o que mais me incomodam. Não acho a arbitragem internacional perfeita – quem não se lembra dos erros da Copa do Mundo -, mas a arbitragem nacional está matando nosso esporte e isso me é preocupante. O futebol brasileiro está deixando de ser um jogo brigado, praticado por homens e guerreiros, para se tornar um jogo de frangas e donzelas.

Quem mais tem vontade de entrar na televisão e dar um carrinho no tornozelo pra ver se machuca mesmo esses jogadores cai-cais? Pra aí sim, esses juízes que são os principais responsáveis por isso, terem razão para marcar falta.


Rodolfo Castro

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Liderança Tricolor

Não entendo que tanto carnaval a imprensa brasileira faz sobre “entregar” um jogo. É claro que existe e cego quem acredite que não. Nesse domingo foi a vez do São Paulo jogar para não vencer e tomar uma “goleada” do Fluminense, que com o resultado e um tropeço do Corinthians assumiu a liderança isolada do Brasileiro. Faltando mais duas rodadas e um jogo contra outro rival alvinegro, o Palmeiras, o Fluminense tem duas partidas fáceis para se sagrar campeão.

O jogo na Arena Barueri já tinha o resultado traçado desde o empate entre São Paulo e Vasco que reduziu a quase zero as chances de vaga na Libertadores. Durante a semana a imprensa ficou naquela ladainha de que o time entregaria o jogo para se “vingar” do arquirrival Corinthians, que entregou o jogo para o Flamengo ano passado na mesma situação. É óbvio que os dois times entregaram, tão óbvio quanto a impossibilidade de algum jogador assumir que o faria. Ou alguém esperava uma entrevista assim:

- E ai Alex Silva, o São Paulo vai entregar o jogo pro Fluminense? - pergunta o sem assunto do repórter.
- Claro! Vamos atacar um pouco pra fingir que estamos na luta, quem sabe até fazer um gol, e no fim do jogo entregamos com uma ou duas expulsões e batendo cabeça na zaga - responde o jogador sincero.

O Corinthians e o Grêmio fizeram em 2009, o São Paulo e o Inter fizeram nessa última rodada – o Botafogo foi tão mal que conseguiu entregar um jogo entregue – e acredito que o Palmeiras também o fara na próxima rodada. Falta de profissionalismo é não fazer a vontade da torcida, pois são eles que pagam os salários dos jogadores.

Agora, ouvir reclamações em relação à fórmula de pontos corridos que possibilita esse tipo de combinação é muita demagogia, principalmente de São Paulo e Corinthians, que dependiam apenas de suas próprias forças e não tiveram a capacidade de bater Goiás e Vitória. O campeonato de pontos corridos é a fórmula mais justa e que premia o time mais regular.

Os times brasileiros e os torcedores tem que entender que todo jogo é uma final e se diversos pontos não tivessem sido desperdiçados, uma entrega aqui ou acolá de times que não tem pretensão nenhuma, não faria diferença alguma.


Rodolfo Castro

p.s.: O comportamento das torcidas em campo na Arena da Baixada, destacados pelo SporTV, diz tudo. Ambas comemoraram os gols do Flu e gritaram o nome de Muricy. E no fim do jogo a torcida do Fluminense gritou: "São Paulo!".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Portugal aplica goleada na carinhosa Fúria

Em dia de amistosos internacionais com grandes expectativas de ótimos jogos, quem optou por assistir Portugal e Espanha se deu melhor. O time capitaneado por Cristiano Ronaldo aplicou uma goleada na carinhosa última campeã mundial – que nos dois últimos confrontos contra grandes equipes tem sido uma verdadeira mãe.

O amistoso em comemoração à candidatura ibérica a Copa de 2018 realizado no Estádio da Luz, na capital portuguesa, terminou em 4 a 0 para os donos da casa com direitos a “Olé” e “Solta roda vira – solta roda vem”, mas poderia ter sido mais. Hugo Almeida, Carlos Martins e Hélder Postiga (2) – pra ele deixar dois é sinal que a coisa ta bem fácil - deixaram os seus. E o fominha do Nani conseguiu anular o que seria uma pintura do CR7 (?!).

Ronaldo ganhou uma bola no meio campo aos tropeços e saiu em disparada. Recebeu a bola mais a frente com Pique Ibrahimovic na sua marcação, ele gingou levou pra perto da linha de fundo e aplicou um lindo corte com o calcanhar. Depois penteou a bola como se estivesse jogando salão e encobriu o gigante Iker Casillas. Quando a bola estava entrando - e definitivamente iria entrar – o animal do Nani botou a cabeça nela pra “roubar” o gol. Pra quê? Pro juiz marcar impedimento e CR7 ficar sem essa nos seus melhores momentos nos vídeos do Youtube. O chilique de Cristiano Ronaldo foi mais do que compreendido.



Mesmo assim, no fim das contas muitas garrafas de vinhos do Porto devem ter sido consumidas, pois esse é um jogo pra ficar na história.


Rodolfo Castro, atendendo à pedidos.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Liderança (in) questionável

O Corinthians reassumiu a liderança provisória e isolada do Brasileirão faltando 3 rodadas para o fim em um jogo que não faltou polêmica dentro e fora de campo. Agora o Timão depende exclusivamente de suas forças para levantar uma taça no ano de seu centenário. O motivo pelo uso dos parênteses no título do artigo, explico a seguir.

O alvinegro – posso estar enganado – é o único time que permaneceu entre as 3 primeiras colocações no campeonato e liderou por grande parte. E apesar de eu não considerar um time formado por ótimos jogadores, exceções os que já vestiram a amarelinha, ele foi muito bem armado pelo Mano e merece ocupar a posição que está pelo futebol que praticou durante o campeonato. Um futebol equilibrado, defensivo, de poucos erros e eficiente. Além disso, após 7 jogos sem vencer na reta final, ainda teve força pra se reerguer e reassumir o 1º lugar. Por essas razões a re-conquista da liderança é inquestionável.

Questionável foi como ela foi construída em cima do Cruzeiro. E nada explica melhor do que uma matéria do GloboEsporte, exibida na última segunda-feira (15/11/10) (vídeo abaixo). Foram muitos lances polêmicos e que prejudicaram o Cruzeiro. Mesmo assim não chega ao ponto de manchar o campeonato do Timão. Há 6 rodadas o time foi prejudicado contra o Guarani, bem como foi ajudado outras várias vezes. Alguns times são beneficiados pela arbitragem, foi assim com o São Paulo em 2007 e Flamengo 2009. Mas são, diríamos, sorte de campeão, uma tendência da arbitragem em marcar mais pra times grandes. Erros longe de serem taxados como o esquema de 2005.




Rodolfo Castro

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Enfim, os três líderes vencem seus jogos

Desde a 24ª rodada os três principais concorrentes ao título de campeão Brasileiro não confirmavam em conjunto o favoritismo. Na última rodada, entretanto, Corinthians, Cruzeiro e Fluminense venceram seus difíceis jogos e se distanciaram dos outros times que nas últimas rodadas vinham se aproximando. O Cruzeiro e Fluminense bateram seus rivais pelo placar mínimo, e o Corinthians manteve a freguesia de quase 4 ano frente ao São Paulo.

O carrasco Elias e a manutenção do tabu

O clássico no Morumbi foi um bom jogo, muito brigado e emocionante, com os nervos, principalmente dos torcedores, a flor da pele. Foi a primeira vez nos últimos 2 anos que os dois times se enfrentavam em patamares parecidos, vindo de uma boa sequência de jogos e jogando um bom futebol.

O Corinthians dominou o primeiro tempo. Os ataques alvinegros vieram inicialmente dos pés de Ronaldo, mas todo mundo tentou deixar o seu: Roberto Carlos bateu ótima falta; Dentinho deu um chute perigoso; o inconstante Bruno César perdeu uma boa oportunidade depois de um rápido contra-ataque; e Chicão obrigou R. Ceni a fazer difícil defesa. A única chance clara do São Paulo no primeiro tempo foi um forte chute de Jean reboteado por Julio César e que o Ricardo Oliveira tentou guardar de cabeça, muito pouco... E aos 30 minutos, uma jogada dos selecionáveis do ex-comandante Mano abriu o placar. Jucilei deu excelente passe para o carrasco tricolor, Elias, dar uma cacetada sem chances para Rogério.

Fonte: GE
No segundo tempo o time atacante mudou e a ofensiva se iniciou com um maravilhoso elástico/rolinho de Ilsinho em cima do Roberto Carlos. O São Paulo veio com tudo para tentar reverter o placar e obrigou Julio César a fazer ótimas defesas de tudo quanto é jeito: um chute a queima roupa, divididas de bola e boas espalmadas, mas nenhuma com extremo perigo. Mesmo assim, foi o Corinthians quem fez o segundo gol da partida. Após iniciar a jogada com um toque de letra, Dentinho correu para o meio da área e completou cruzamento de Alessandro para sacramentar a vitória alvinegra. O tabu agora dura 11 jogos (7 vitórias) e em 11 de fevereiro completará 4 anos, uma bela freguesia.

Fluminense, Cruzeiro e as 4 rodadas finais

Zêro e Flu também ganharam seus difíceis jogos. O Cruzeiro bateu o Vitória fora de casa com gol contra de Jonas e o Flu bateu o seu rival Vasco, com gol de Tartá e mais um tanto outros de gols perdidos pelo Washington. No próximo domingo os comandados de Muricy Ramalho encaram o Goiás no Engenhão, enquanto Corinthians e Cruzeiro fazem um jogo que vale muito mais que 6 pontos no Pacaembu um dia antes, uma “semi-final antecipada”.

O Fluminense tem o caminho mais fácil para o título, além de depender somente de seus resultados para ser campeão, com os fracos Goiás e Guarani em casa, e os rivais alvinegros São Paulo e Palmeiras – ambos com dificuldades de obter a vaga na Liberta devem entregar seus jogos, como todo time faz e fala que não. O Corinthians, o 2º colocado na tabela, tem o Vasco em casa, e Vitória e o algoz do rebaixamento Goiás fora. Já o Zêro, pega o Vasco e Palmeiras em casa e o Flamengo, fora de qualquer batalha, fora.


Rodolfo Castro